Transcrição - faixa 4
Sobre a palestra:
Começo assim: quando era pequeno a gente era assim: bonitinho, aí cresce, fica um adolescente estranho e tal… Aí eu conto a história do meu pai que era muito rígido, que queria sempre que trabalhasse em boas empresas e tal… estudar muito, ter boas faculdades… era a técnica de sucesso. Aí eu falo da minha carreira… passei na ESPM, tive uma experiência fora, fiz um mochilão e acabei estudando um tempo fora do país, trabalhei em grandes companhias. Tive alguns cases de sucesso no mercado publicitário, esse foi um case com a Unilever, premiação da Trip. Para o mundo, ia tudo muito bem, obrigado. Mas aqui na mente, as coisas não estavam tão bem acertadas.
A saúde também, eu tive problemas de saúde bem complicados na época da Trip, nessa intensidade toda… eu sou ariano… e áries é bem intenso. Então, cheguei a ter 13 quilos a mais do que eu tenho hoje, eu tive uma urticária que eu fiquei um ano coçando, não conseguia descobrir do que era, o que desequilibrava meu corpo. Fui em vários médicos, foi um negócio super complicado. O stress fez o meu corpo produzir alguma coisa ou muito acima ou muito abaixo… no começo, quando vc está com alergia, é um negócio muito complicado… vc vê qto que vc é rato de experimento… para de comer isso, aquilo, e continuava coçando… tomando corticoide, fiquei super inchado e eu fiz um exame que deu assim, tudo alterado: triglicérides, cálcio, sódio… o médico falou pra mim que eu tinha uma idade física de mais de 50 anos. 55! e eu tinha 30 nessa época. Aí vc começa a repensar, pq eu estava seguindo o que, teoricamente, me diziam pra fazer, só que o mundo vendo de uma maneira e aqui dentro outra. E até na palestra eu dou bastante enfoque a esse lado: eu preciso questionar mais as coisas, tudo isso… eu sei o que eu não quero, eu não sei o que eu quero.
Então, quão difícil é esse momento, de vc buscar algo que faça realmente sentido e aí então, começa o meu sabático, onde eu tive a oportunidade de mergulhar em uma série de abordagens de inovação, como DT, Business design, Ciência das redes, UX. Com algumas pessoas bastantes interessantes que passaram por essa jornada. Eu falo da reconexão do processo criativo, quanto que isso ficou adormecido, desse empoderamento.. sou criativo pra caramba. Vc poder reconhecer isso é uma coisa muito legal.
Fui para NY, estive presente no Google, peguei a 3ª maior nevasca…
O mundo está mudando… esse filme do Chaplin é a sátira do mundo moderno… aí eu pergunto quem de vcs produz muito bem logo de manhã cedo? Alguns respondem, quem produz logo depois do almoço. E quem produz as 16, 17, e à noite? E de madrugada? Aí eu brinco que tem muita gente que não sabe produzir em horário nenhum… que tem que trabalhar o autoconhecimento… E aí eu falo: vamos ver se eu entendi, gente: vcs entregam atividade intelectual, certo? Vcs trabalham na linha de montagem? Não… Então.. eu entendo que o seu chefe, quando te contratou, a primeira pergunta que ele te fez foi essa: aí vc falou que trabalha muito bem à noite, aí montaram um horário pra vc, vc tem umas entregas, vai ter que me trazer isso, vc vem trabalhar à noite. É assim, não é, gente? Não! claro que não… Vamos imaginar que chegaram uns marcianos… homenzinhos verdes e vc precisa contar como que a gente funciona, como que a gente trabalha, nossa jornada educacional, vc estuda, depois faz o vestibular, e aí vc vai trabalhar num horário que vc não produz, vc pega um transporte público super eficiente, tranquilo, vc demora 2 horas pra chegar no seu trabalho, para chegar, sentar e trabalhar num horário que vc não gosta de trabalhar. Então, acho que é um momento bom pra tomar um cafezinho, né? Aí a gente levanta e vai tomar um cafezinho e quando a gente vê tem várias pessoas tomando um café, porque tem muitas pessoas que tb não trabalham bem naquele horário, então a gente aproveita para dar uma conversada, atualizada. Aí a gente volta, um pouco com sono e vai… até quando? Essa conta não vai fechar! Essa improdutividade custa para a empresa e para os profissionais tb, pq vcs não estão, efetivamente, produzindo e isso faz com que vcs não se desenvolvam tanto.. e isso está custando para a empresa, que está pagando seu salário… isso não é sustentável.
Mas qual é o modelo ideal? Não tem o modelo ideal. eu acredito em modelos adequados, criados para aquele segmento, aquela empresa e vc vai testando e lapidando, depois vc pode construir boas práticas a partir de uma série de experimentos: home office, horários alternativos, vc aproximar coisas que vc gosta, como criança, pet… vc testa várias coisas e vê o que funciona ou não para o seu segmento. Mas quem tem que determinar isso é vc e os seus gestores, pq no fim das contas, vcs querem a mesma coisa: gerar produtividade. Não é pq eu tenho permissão de entrar no Facebook, por exemplo, que eu só vou ficar no Facebook. A gente precisa mudar essa coisa de ter alguém me controlando: o bedéu! e para a empresa tb não é bom, pq a entrega não está acontecendo. A empresa não está recebendo, não tem uma produtividade no serviço e está pagando. E custa! Ainda mais com a linha trabalhista de hj, custa muito! O salário de 10, custa 20! O de 20, custa 40!
Inovação, segundo o nosso dicionário é a ação de inovar, o que é novo, novidade. A definição de inovação não é nada inovadora, ela é bem literal. Segundo Peter Drucker, o maior elogio que uma inovação pode receber é haver alguém que diga: Isso é tão óbvio, pq eu não pensei nisso antes? E essa é a definição que eu mais gosto sobre inovação. Porque inovação é simplicidade, inovação é um caminho novo que, até então, não era descoberto, mas é tão simples e efetivo que a gente vai começar a usar. como era a nossa rotina antes? vc conhecem o Waze? Acho que hj, quase todo mundo usa o waze. Há 5, 7 anos atrás não existia isso. Parece que é inconcebível a gente pensar num mundo antes do waze, principalmente nas grandes cidades. Em outras épocas, tinha que ver a lista de ruas, abrir o mapa e tal… são soluções inovadoras que vão mudando os nossos hábitos. Inovação é isso: algo que é feito para resolver com maior eficiência e, por resolver, ele é imputado na sua rotina. Simples assim. A gente, às vezes, não tem consciência da rapidez que os nossos hábitos estão sendo influenciados.
Eu tenho 37 anos, quando eu passei na faculdade, eu tinha 17 ainda, só que pra mim foi um marco tão grande e pro meu pai… No dia que ele me pegou na ESPM: ele disse: tou com uma sensação de que vc não passou… poxa, eu fiquei 8 meses estudando, não fala isso… E quando eu passei, meu pai ficou tão feliz, tão orgulhoso, que ele comprou um carro de um amigo dele, que era um Scort XR3 vermelho, e o carro ficava parado, porque eu era muito caxias, eu tinha que esperar os 18 anos, pra fazer carteira e tal… e eu dava partida nele todo dia e tal… o carro, para o homem, daquela geração, era um símbolo de liberdade, de poder…
Em março do ano passado eu bati meu carro lendo mensagem. Fiquei com o meu carro 45 dias na garagem para arrumar. Aí comecei a peguei Uber e vi que eu conseguia ir trabalhando e alguém dirigindo pra mim. Eu comecei a ter consciência do meu custo por deslocamento. Porque quando tem um carro, tem o IPVA, combustível, seguro, estacionamento, multa… e vc não faz a conta, são tantas variáveis que vc nem consegue… Fazendo as contas eu vi que não fazia sentido, não valia a pena financeiramente. Durante a semana ficou muito melhor para trabalhar e final de semana, que eu queria tomar um vinho, tb não podia dirigir… então, realmente… Aí vendo esse custo por deslocamento, eu vi que eu estava me deslocando muito, eu precisava me deslocar menos. Aí eu mudei de casa. Aí meu carro, tive que voltar a dar partida nele, pq eu não usava, e arriou a bateria. Ainda deixei o carro um tempo para ter a certeza de que eu não precisava e de que eu não me arrependeria. Quando eu vendi, estava sacramentado… e eu já estava morando aqui. Hj eu moro perto do trabalho… primeiro ano sem pagar IPVA. Tudo bem que eu tenho hoje uma abertura diferente do que eu tinha, mas eu vejo que essa nova geração já vem nessa pegada, eles não querem carro, eles preferem experiência, uma viagem, um serviço… é diferente. E a gente tem que olhar pra isso… hoje em dia a tendência é um carro automatizado, que vai ser usado como serviço, não mais como meu carro. É a intersecção do tecnicamente possível, financeiramente viável e desejável. Nós somos treinados muito bem para os dois quadrantes de baixo… Hoje a gente entende a percepção do desejável, do problema, através do olhar dos stakeholders, dos atores daquele ecossistema e só vale a pena eu detalhar nisso, se eu entender que isso aqui é legítimo, senão eu vou perder o meu tempo, fazer um monte de cálculo, um monte de coisa e na hora de aplicar… hmm, mas o mercado não quer isso, meu cliente não quer. Então, primeiro eu tenho que começar aqui, lapidar muito bem o desejável, aí eu dou um exemplo na Inovação e dou um zoom no DT, falando um pouco de empatia, colaboração, de experimentação… trago o exemplo do goleiro. sabe aquela história de eu, eu, depois no máximo meu núcleo familiar, de sucesso… é o oposto da empatia. Agora eu estou pensando no outro, em desenvolver soluções para o outro. Precisa gerar ganha ganha com o outro. A gente toma um monte de decisões com base no nosso background, na minha formação, na minha visão de mundo, nas minhas certezas e, de repente, agora, minha certeza não vale tanto. Como é essa desconstrução dessa percepção, essa desconstrução da vaidade, de uma zona de conforto. Se a gente quer criar soluções de impacto, no mundo em alta transformação numa área social, a gente vai ter que utilizar esses métodos para ser mais eficiente.
Aí: 8 passos para implementar cultura de inovação na sua empresa:
1 - mapeie e aproxime do seu ecossistema: dou exemplo da bike… vi problemáticas, depois eu modelo a solução, olhando para o ecossistema, modelando o ganha ganha.
2 - não tome decisões como na área do conhecimento. Não adianta reunir meu board com os melhores certificados, phd, o risco é muito grande! Enquanto dava certo, beleza, não é mais eficiente. A gente precisa entender isso, aproximar desse ecossistema e daí eu conto o case da nossa farmacêutica. Era uma doença rara e crônica, do sangue, e a aplicação era como se fosse uma insulina. E a do concorrente era via oral. Qual a percepção da indústria? as pessoas tem medo de injeção, nós precisamos ensinar a aplicar essa injeção melhor. Na hora que a gente fez o programa de inovação e trouxemos os stakeholders para próximo, para eles convergirem, entendendo, de novo, como a gente pode melhorar a qualidade de vida dessas pessoas que tem essa doença, porque, no fim das contas, as pessoas tomavam o remédio com esse propósito. Essa era a proposta de valor. Aí nasceu um dos projetos muito simples: uma plataforma colaborativa. Porque a doença era tão rara que eles demoravam, em média, 9 meses para diagnosticar corretamente. Muitas pessoas perdem a vida, uma delas quase perdeu a vida, que estava com a gente. E ele falou: pra mim, é indiferente se é intravenoso, se é oral, isso não é relevante. O que eu preciso é ter um diagnóstico rápido, correto, para eu sofrer menos. E aí entrou a plataforma colaborativa, com toda a informação necessária sobre a doença. E cada vez que um novo paciente contava como descobriu e tal, um médico também compartilhava essas percepções, toda essa informação com a curadoria dos médicos dessa doença, com o board que estava com a gente. Então, eles falaram, eu faço a curadoria com todo o prazer do mundo, vai ser muito bom. Esse é um projeto by farmacêutica. Qual é o impacto disso no aumento do share depois? Eu estou gerando um oceano azul, construindo uma coisa que vai além. A indústria, a visão do produto, só. Na hora que eu entendo a dor na raiz, eu tenho uma solução, tecnicamente, super simples.
3 - Tenha grandes mentes por perto. Foi uma coisa que eu aprendi na minha carreira, é que vc tem que aprender, vc tem que ter gente melhor que vc perto de vc. Eu sei que eu não sei, então, como que a gente pode fazer isso? Usando, por exemplo, o mindmaster, que é uma plataforma gratuita, colaborativa, até 3 mapas, onde vc vai mapeando seu networking. Por exemplo, eu faço MBA, com fulano, sicrano… no meu trabalho tem as pessoas tais. Eu fui num evento, conheci pessoas tais. Então vc vai montando essa rede de uma maneira bem visual. E vc pode falar: essa pessoa aqui, é uma pessoa estratégica? De quanto em quanto tempo eu preciso ligar pra ela ou encontrá-la? Uma vez a cada 6 meses, pelo menos. Então vamos criar uma agenda, com uma cor para 6 meses. Essa outra pessoa é muito relevante, criamos uma cor para 3 meses. Essa outra, uma ligação a cada 8 meses, acho que está ok…. aí vc vai criando os padrões, vc olhando isso como um grande dashboard e vc vai saber como está gerindo essas relações. Relação é nutrição! Mesmo numa relação pessoal, se vc deixar de nutrir essa amizade, vai morrer… Então, é preciso ter consciência do que vc estão fazendo: aqui hj vcs estão criando o networking de vcs, ampliando o padrão de interação de vcs. Só que, se vcs não fizerem algum tipo de trabalho de gestão disso, muito possivelmente isso vai se perder. E aí eu dou o exemplo de alguns parceiros, alguns jurados, que tiveram conosco nesses quase 3 anos de Empodere-se. Tivemos a Paola, a Chieko Aoky, temos o Rick… por que que a gente conseguiu fazer isso? Primeiro: ousadia. A gente tem que entender porque: a minha proposta de valor é bacana? Então vamos comunicar isso para o mundo. Às vezes a gente fala: eu sou muito pequeno, mas é legítimo? é bacana? Pode ser que aquela pessoa superimportante possa achar superinteressante a sua proposta de valor. Segundo: nutra isso, depois.
4 - Observe pequenos detalhes para encontrar soluções: aqui eu falo do desafio da longevidade. Quando ele olhou as pequenas questões, ele criou um projeto super atrativo. E não foi só olhando o business, eu tive que alcançar a emoção, do maduro, pegar um traço emotivo para construir um projeto com personalidade incrível, super específica e que tem tudo para dar certo. Faça, erre logo, aprenda e corrija rápido. Quais são os principais ativos do Século 21? Tempo, dinheiro - capital financeiro é uma coisa muito importante - nós estamos matéria, precisamos dele; energia, resiliência. As constantes decisões que nós tomamos ao longo do nosso dia, pequenas e maiores, isso é superimportante. como saber se esses recursos todos estão sendo bem aplicados? Como? A gente pode ter uma lâmpada mágica (e se vcs tiverem me avisem, pq eu estou louco pra falar com um gênio, estou precisando muito resolver umas questões); a gente pode tb contratar o Mick Jagger, sabe aquela concorrência, gente? E fazer ele vestir a camisa do nosso concorrente e ficar torcendo bastante… e dá uma quebrada, uma descontraída. Ou então a gente pode começar a entender esse método ganha ganha, essas abordagens de inovação e realmente levar isso para o nosso dia a dia. E aqui eu vou dar um exemplo pra vcs, um executivo que nos procurou para validar um protótipo, uma plataforma 3D e falou: Gabriel, esse modelo de inovação, será que serve para isso? Aí convidamos a maior empresa do ecossistema, foram a campo e perceberam que o modelo B2C não funcionaria. Mas tiveram um grande insight: que via B2B teria uma grande oportunidade. Aí tivemos um board de presidentes para validar isso e hoje essa startup está rodando. O feedback dele foi esse e ele salvou tempo, capital financeiro e energia, que foi um dos itens da maior relevância, na visão dele. E conseguiu ajudar no direcionamento das decisões. Isso é o nosso método ganha ganha.
5 - Empodere sua equipe: tem um vídeo: veja no site…. quantas vezes nós, nossa equipe, estamos presos numa escada rolante e não agem como elevador? às vezes vc precisa fazer uma apresentação para o cliente e vc não pode errar, e aí vc deixa para a última hora, posterga, no final era uma coisa que vc podia ter resolvido em 1, 2 horas, demorou 2, 3, 4 semanas e ainda perdeu a última madrugada, virando a noite. A gente tem algumas dicas para fazer isso que é: coloque o guardião do tempo: horários, dias, muito determinados para término de fases, porque isso vai dar um senso de urgência para o processo. Estabeleça regras de brainstorm para a sua equipe. Ou seja, construa junto com o outro, não critique nem julgue… e peça perdão, não peça permissão: se vc está querendo estimular inovação na sua empresa, não adianta vc chegar e falar não para tudo. Senão vai continuar tudo como está. é uma dica bem extrema, mas o que vc tem vontade de fazer, vc vai lá e faz. Se alguma coisa não for legal, alguém vai falar. Aí vc pede perdão, corrige e nisso vai ter muito aprendizado e muitos insights para a companhia. Ex.: um projeto num Empower weekend, que o desafio era de levar arte e cultura para a rua. Eles fizeram um projeto que era para levar blues, jazz e eles iam fechar a principal avenida da cidade, em Minas. E eu falei: vcs conhecem o prefeito? Vcs precisam trazer o stakeholder dominante, quem autoriza o fechamento disso. Ou então muda o projeto. E o grupo, não satisfeito, foi atrás, num domingo, não sei quem conhecia e conseguiram falar com o prefeito, levaram o projeto e o prefeito assinou e eles conseguiram fechar tudo num domingo. Aí entra: não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez. A gente cria bloqueios e não explora essa zona de desconforto, esse desconhecido, e a gente fica preso na mesmice.
6 - Estimule a criatividade com quebras. Quebras de espaço: menos begismo, menos empresas beges e mais e empresas com espaços de interação. Essa é uma empresa que a gente fez mentoria, para a Endevor, olha o espaço de interação que existe. Quer dizer que a gente vai ficar jogando ping-pong o dia inteiro? Claro que não, a ideia é gerar quebras e que isso possa navegar junto com performance. Ex.: A gente usa muitas técnicas de gerar quebra para o sensorial, ativando a memória da infância. Agora eu quero que vc e a pessoa ao seu lado dêem as mãos e eu quero saber quantas vezes vcs conseguem atingir o objetivo com a queda de braço, vc e seu colega usando a máxima força. E fica todo mundo degladiando e alguns sacam a ideia: vc precisa vencer o braço de ferro: então vamos fazer juntos: eu venho pra cá agora, vc deixa, depois vc vem pra cá. Através da colaboração que a gente conseguiu atingir o mesmo objetivo! Ninguém falou que para um ganhar o outro precisa perder. Tento trazer isso numa palestra, para gerar quebras com humor e com o sinestésico. E eu falo: a gente teve um case muito legal com líderes de agências de propaganda, vc vê que tem alguns de cabeça branca aqui e são pessoas, em geral, vaidosas, bastante egocêntricos e isso faz parte do segmento. Mas no processo, eles pareciam estudantes, o nível de envolvimento deles, isso é muito bacana de se ver e independe do público. É possível! Todos nós, um dia, fomos crianças e às vezes a gente precisa gerar quebras. E tem um propósito, como alicerce, aí eu conto um case que a gente visitou no Brooklyn, em NY, onde tem dois irmãos que contam a história do projeto deles, como cada um se conectou ao chocolate, foi uma paixão etc. Eu estive com um deles e eu tive a oportunidade de conhecer a história deles a fundo e é muito interessante pq, a loja deles é integrada com a fábrica. Então ele pega o cacau e explica: esse aqui é da Tanzânia, esse aqui é de não sei onde… Já comeu cacau? Não? Experimenta: que coisa horrível… e vc vai entendendo… e ele vai falando da qualidade, que eles tem a preocupação de cada um dos produtos, a matéria prima, a origem, como isso foi produzido, uma produtividade com trabalhadores… E aí vc vai degustando: agora vai entrar o sabor, quer provar? e vc vai entendendo essa jornada de transformação da matéria prima em chocolate. E como eles fizeram a distribuição disso? As lojas deles são poucas, mas eles tiveram um posicionamento ligado ao propósito, que é o seguinte: como eu tenho essa linha da cadeia limpa e essa jornada é muito aberta, eles fizeram parceria com a Shake Check, uma das maiores redes dos EUA, está incomodando muito o McDonald’s, como se fosse um fastfood premium, onde o posicionamento deles é que a cadeia deles é limpa. O boi é um animal que não sofre nenhum tipo de violência, vive livre, o lugar é agradável, parece um bar… não tem a coisa do bege, de vc querer sair logo e tal… A abordagem é no usuário. Então, essa é uma parceria por proposta de valor: eu me reforço através de um parceiro que tem uma cadeia pronta, e um reforça o propósito do outro, complementa, ganha ganha.
Nosso porfolio que mudou, agora virou os Empowers, aí eu conto o case da Atlas Schindler, que a cliente diz que se sente funcionária da Atlas, e eu falo que o mundo está mudando: tinha uma turma que falava que esse negócio de computador era vintage, que essa profissão de datilógrafo nunca ia acabar, eram 3 gerações fazendo isso. Então, os taxistas tb, acharam que o Uber era uma baboseira, ou então, na hora que começou a da certo: vamos quebrar, vamos partir para o pau… e foi, talvez, a maior ação de marketing que eles fizeram para o Uber. A IA veio para ficar. Não adianta vcs ficarem brigando, sindicato, aliás, a alternativa é de vcs, vcs são livres pra fazerem o que vcs quiserem, só que eu acho que esse caminho vai ser muito mais sofrido, como a última família de datilógrafo. A ideia é vc entender que tudo o que a máquina puder fazer e fizer mais rápida e mais eficiente que vc, ela vai fazer. Atendimento: Whatson, da IBM, daqui a pouco não vai mais existir, o telemarketing vai ser totalmente programado, vc está falando com a máquina, achando que está falando com a pessoa e ele vai te dar um nível de detalhe, de especificidade, ela vai te compreender muito bem, suas emoções, se vc está nervoso, calo, como ela vai usar o tom de voz, e vai ser muito mais eficiente, e muito mais barato que a parte trabalhista que hj a gente tem. Mas são só profissões operacionais? Não… cirurgião, que é uma profissão extremamente sofisticada e tal… tenho certeza de que vai chegar um momento em que as pessoas vão se espantar se alguém ainda for operado por um humano: mas vc está louco? porque hj a gente já tem máquinas dando suporte aos médicos, daqui a pouco ela vai ter muito mais precisão. A máquina não tem noite ruim, não tem cansaço… tem muito mais acesso à informação. Como carro: vc vai dirigir um carro? Pq, vc é vintage? Não vai mais ter necessidade..
Então, quer dizer que a gente acabou? Não! Tem uma coisa chamada economia criativa, e muitas profissões que já estão surgindo, vão continuar surgindo. A gente tem é que trabalhar o autoconhecimento: quais são as minhas potẽncias, minhas dificuldade, como eu posso identificar tarefas que estejam colocando as minhas habilidades em alta? Não esquecendo do potencial criativo que nós tínhamos quando nós éramos crianças. Nós éramos criativos à beça e nós paramos de ser por uma série de questões. E que a longevidade é um fato: se tudo correr bem, nós vamos chegar aos 100 anos. O que a gente deseja, como Empodere-se, é que vcs possam olhar pra trás nessa fase e ver que vcs fizeram sua história e que valeu à pena esse legado que eu deixei.
Essa palestra foi montada com a Silvia Patriani. Eu já tinha muita coisa, aí ela me ajudou a dar um tom menos comercial. A gente entrega muito conteúdo, só que tudo embasado com os nossos cases. Isso é legal pq reforça que eu não estou falando alguma coisa só pq eu li um livro e, ao mesmo tempo, cria um desejo da pessoa sair e… tem um monte de passos, mas, como fazer isso? Não tem como eu conseguir ouvir isso e já sair fazendo, mas ela sai satisfeita com o conteúdo e, naturalmente, um link de confiança começa a se abrir, por isso que é um produto nosso estratégico, quando vc leva isso para líderes, se torna um super link pra gente continuar essa conversa possível, de repente ir para o Summit, ou ir para o Weekend e para o Business. A ideia é que tenha essa palestra contextualizada dentro do Summit, inclusive, seja um dos pontos de contato pra gente fortalecer.
A visão que eu tinha de inovação era de que era para quem trabalhava com tecnologia. A tecnologia era a inovação aparente. São caras tecnólogos, especialistas e hj eu vejo que inovação, na verdade, são especialistas em gente. NA hora que eu entendo problemáticas humanas, eu investigo, é óbvio que, muito possivelmente, eu vou ter que ter técnicos, que entendam de tecnologia e tenham um conhecimento técnico, mas não são desses caras que vem. É de gente que realmente consegue entender pessoas. Eu enxergo hoje a inovação invisível, uma inovação percebendo e entendendo problemáticas, pessoas… e antes eu enxergava apenas a solução pronta, como um aplicativo… a Inovação hj é muito mais ligada a pessoas, ao intangível, do que ao tangível, tá na frente, com o projeto pronto. A inovação está ligada à sua desconstrução das certezas do mundo, das suas opiniões formadas sobre tudo, para que vc tenha a capacidade de investigar o problema, e pessoas, sem julgamentos. Porque o seu julgamento vai atrapalhar muito o processo. E isso é uma desconstrução que, para cada um, pode demorar mais ou menos, mas é fundamental para vc entender uma problemática e poder desenhar, através de uma percepção clara do problema, para mais de um player, como se modelam soluções que sejam ganha ganha.
Vc precisa estar sempre aprendendo com pessoas que sabem mais que vc. Num primeiro momento, elas te ameaçam, mas cultive essa relação com elas, aprenda com elas. Mas não endeuse elas, não as coloque como figuras de deuses, gurus. Existem bons projetos, pessoas extremamente inteligentes, extremamente interessantes para compartilhar, mas não olhar aquilo como uma referência de um pronto, de um sucesso. São coisas distintas.
Eu gosto muito da linha do Tales Gomes, criador do Easy Taxi, que fala de ganha ganha, modelagem de negócio, tamanho de mercado, como modelar uma startup, que vire unicórnio, possivelmente. Ele falou tb da Singu: um mercado enorme de manicure nos EUA. Eles perceberam que a manicure ganhava um percentual muito pequeno, a maioria do lucro ficava com o salão, sendo que o vínculo da cliente era com a profissional, não com o estabelecimento. Em cima disso, ele criou esse sistema que cuida da agenda da manicure, de acordo com localização. A manicure ganha mais, sem mexer no preço do mercado, e ele ganha um taxa… A gente precisa conectar as manicures e, como eu estou cuidando da agenda dela, sei da localização e dos pagamentos. Se alguém jogar fora das regras, ela sai da plataforma.
Rony Meisler, criador da Reserva. Eu ouvi uma palestra dele nos EUA. A cultura da empresa é muito forte na Reserva, de vc querer realmente fazer uma coisa diferente, de uma maneira bacana, de entregar uma marca jovem, tem todo um dna que a corporação, os colaboradores respiram aquela cultura. De alguma maneira, isso chega para o cliente final, a percepção de uma marca, aí ele mostra um vídeo (achar para colocar no site). O país tem questões tão sérias, que a gente resolveu fazer uma ação de marketing em cima de algo que a gente vivenciou…
Flávio Augusto, da Geração de Valor, criou a Wise Up, ele é dono de um time de futebol dos EUA. Pesquisar a história dele. Meusucesso.com é uma plataforma que ele chama os empreendedores para contar a história deles. Inspira empreendedores através da plataforma. Produções cinematográficas sobre empreendedores de sucesso. Ele comprou um time de futebol e enxergou o potencial disso, trouxe o Kaká e tal…
A estratégia do Oceano azul. livro.
A visão sistêmica da vida, Kappra. Ciência das redes e me agrada bastante…
Eu penso que a experiência tem que ser de dentro para fora, que eu tenho que ser legítimo na maneira de ensinar alguém com base no que eu vivenciei. E com muita responsabilidade, por ex. a mentoria que eu dou hj, eu tenho um cuidado muito grande do que falar e como falar. Não quero ser visto como uma referência de sucesso ou guru, cada história é única. Eu procuro realmente a ter esse lado da empatia, principalmente por conta da responsabilidade que as pessoas começam a depositar em vc. O que eu passei com os meus mentores, uma coisa é ter a certeza dos métodos, de como é eficaz, outra coisa é dizer faça isso ou aquilo. é muita responsabilidade, posso dar uma opinião com base no meu contexto, mas é complicado dar um direcionamento para alguém…
Entra muito nos filmes, odeio filme de terror, mexe comigo. Amo drama, histórias verídicas, personagens complexos, isso me fascina. E gosto de filmes futuristas, como Matrix. No começo da DTW, eu me sentia como se eu estivesse me desplugando da Matrix, eu seguia a vida como alguém falou que tinha que ser feito, de repente, eu despluguei e comecei a prototipar, fazer, errar, acertar. E foi um caminho muito tortuoso, que me custou muitas coisas, mas que me trouxe uma visão de que: enquanto todo mundo está ali, vivendo a vidinha… de repente a gente consegue ter uma visão de fora e perceber que eu estou fazendo iao por opção, enxergando que vc não é escravo de um sistema, que vc pode fazer escolhas. No final, eu mostrava um trechinho do filme mostrando a parte da pílula azul e vermelha...Mas aí teve um cara que plageou o DTW todinho, inclusive o lance da Matriz. Fiquei puto, pq o nosso negócio é tão intenso que eu preciso fazer alguma coisa que a não possa ser remetida, ligada, aos símbolos. Parei de usar Matrix e as pílulas.
Acredito que muitas pessoas não estão preparadas para inovar. Elas vêem a grama do vizinho e pensam: é mais bonita, vou copiar, até um momento que todo mundo quebra, pq se tem muito mais oferta do que demanda. E aí foi onde eu vi que eu precisava mudar, descolar o DTW, mudei para o Empowered, descolar de concorrência. A minha proposta de valor é muito maior, intangível, então não posso ficar escravo de alguns símbolos que sejam facilmente copiáveis, para que eles confundam a cabeça do interlocutor de que nós somos iguais e nós somos mais baratos. Aí, quando eu fui para o B2B, ficou mais difícil ainda de ser copiado, pq a percepção de valor é ainda mais complexa… onde vc gera ROI - return of investiment, resultados complexos. uma coisa é dizer que precisa modernizar o ambiente, melhorar a colaboração e tal… isso é certo, mas garantir uma mudança de mindset e conectar isso com o dia a dia do corporativo, é outra coisa. Por isso fomos migrando para esse posicionamento.
Quem surfa na onda do outro é pra pegar jacaré… a moda essa, eu ganho um pouco de dinheiro, mas a entrega é rasa… vc tá sempre surfando marolinha, mas não está na sua grande onda!
Eu tenho 2 exemplos muito fortes na minha vida: o meu pai, que sempre foi um cara muito rígido, e eu sempre fui muito combativo, batia de frente… na adolescência foi uma relação muito tumultuada e complicada. Tanto, que eu saí de casa aos 24 pq eu não aguentava mais, a relação da família estava muito difícil, o modelo de ideias… E isso me desafiava, me instigava.
E o outro exemplo foi a minha mãe, que sempre foi uma pessoa muito idealista, muito conectada com uma coisa que ela ama: ela foi professora e teve uma hora que ela disse: não consigo mais, vou sair pq eu não acredito nesse modelo tradicional de ensino. e ela foi desenvolver uma metodologia dela de conectar uma série de coisas, de autoconhecimento, onde o aluno tinha que aprender a ter prazer em estudar. Então, ela começou a desenvolver um projeto que conectava pedagogia com psicologia,com isso, com aquilo, de forma autodidata. De um lado, eu tinha que fazer e combater e do outro lado, correr atrás do que vc queria, que me realizasse. Meu pai nunca foi feliz no trabalho, ele era um provedor, ele nunca se olhou, foi criado para prover e não para se autoconhecer. E, de repente, quando a família já não precisava mais, estava criada e tal, meu pai entrou numa crise de existência. Ele procurava controlar todo mundo em volta, pq enquanto eu olho para o outro, o outro não precisa olhar pra mim. Na hora que todo mundo estava tocando sua vida, minha mãe pediu uma separação depois de muitos anos de casada, ele falou: e agora, o que eu faço? duas pessoas fundamentais para a minha formação. Minha madrinha tb sempre foi muito importante pra mim, fazia o proibido… deixava comer doce, levava pra padaria e tal… Alguém para estragar um pouco…
Meus pais sempre tiveram uma posição de respeito em relação às minha decisões. Se vc acha isso e tal… Como meu pai nunca foi 100% realizado, acho que no final ele queria se realizar através da gente. Quando eu era jovem, ele tinha o lance de falar o que fazer sempre, mas isso mudou 10 anos depois… depois dessa ruptura. Se eu não tive alguém para sentar junto e analisar os prós e contras, eu tb não tive alguém que me ordenasse o que fazer. Faça o que vc fizer, estamos te apoiando, tive muita liberdade pra fazer e ousar.
Meu período sabático começou na primeira aula demonstrativa do DT, parece que saiu uma luz: cara, é isso que eu estava buscando! Pq foi uma busca de muitos anos… eu saí em janeiro de 2012 e caiu a ficha em janeiro, fevereiro de 2014. Eu já estava buscando DT, eu quase fiz em agosto do ano anterior, perdi a turma e acabei fazendo outra. Era cara tb, a Escola de DT custava 6 mil reais, hj está 9 mil… Começou ali e foi muito intenso, como se eu voltasse a ser um estudante, muito ávido a conhecer coisas, a realmente fazer, vamos a campo, eu mergulhei de cabeça e a entrega foi muito intensa, por isso pra mim não foi um curso, foi uma descoberta! Eu estava me desconstruindo, buscando e aberto para aprender, com horas em que tudo era muito legal, outras em que eram desconfortáveis e como lidar com isso… Como eu já vinha empreendendo há 2 anos, eu já vinha com uma bagagem de vivência. Eu senti que era ali, que eu tinha achado o que eu estava buscando. Foi um processo de uma intensidade absurda… Depois eu fiz um BD, ciência das redes, fiz um curso na Escola das redes com o… Franco. Eu fiz um curso com o Oswaldo de empreender que durou 9 meses. Eu já estava com a Empodere-se e estava fazendo curso. O sabático não parou para abrir a empresa. Eu parei a vida para fazer o sabático até junho de 2014, quando eu abri a Empodere-se. Mas de janeiro a junho, depois de uma carreira, eu virei um estudante sem grana. E eu vi que eu precisava me aprofundar nisso. Eu percebi que naquele momento a For Insight morria. Ainda tentei jogar o DT para a FI, mas percebi que não era o caminho. Que eu precisava vender o mindset, não a tecnologia.
A Desconstrução esteve sempre presente na minha vida. A princípio, era muito difícil, pq vc precisa lidar com a zona de desconforto, mas depois amplia horizonte, visão de mundo...
Sobre o mochilão, eu tinha 20 anos, muito novo, recém-formado, com o pensamento de que eu posso tudo o que eu quero… Comecei por Seatle e depois eu subi para o Canadá, fiz Vancouver, Wistler, fui fazer snowboard pela primeira vez… fiz mochilão até Calgary, no interior do Canadá e depois de um mês eu desci para estudar no Lews Clark Colege, uma universidade. Naquela época eu achava que eu era muito livre. A gente três egos: o adulto, que constata a realidade: está quente. O lado pai, que diz o que vc faz com isso, que decisão vc vai tomar e o ego criança, que é o que sente. Na criança, existe a criança que sente naturalmente, a rebelde e a submissa. A rebelde acha que ela é livre pq ela está fazendo oposto do que alguém disse que era pra ela fazer. Só que no final, ela não é livre, pq ela está esperando uma referência para fazer o oposto. É tão presa quanto a submissa.. o não planejar pra mim era tão importante pq era o oposto do meu pai, que planejava tudo. Depois de 1 mês eu percebi que era um ambiente cultural muito diferente… Parte da viagem bancada pelo meu pai, parte por mim. O namoro acabou e ela ia bancar parte… No fim eu estava com saudade daqui, me senti um pouco sozinho, triste… talvez essa liberdade extrema tb não seja tão legal.
Em 1 mês que eu fiquei lá eu aprendi a falar inglês com todas as gírias e tal… me desenvolvi muito rápido e voltei falando bem, ganhava todo mundo em 1, 2,3. E quando eu voltei eu percebi esse contexto de criar raízes, de estar entre pessoas que vc gosta.
Quando eu voltei tudo era muito fácil pra mim, pq eu passei muito perrengue por lá.